Quando olhamos mais para o horizonte do que para a tela do celular

É quando prestamos atenção ao nosso redor. Nem sempre o fazemos, quase nunca agora, ocupados que estamos com os nossos pequenos aparelhos de telefone que nem usamos muito para falar hoje em dia. Me pego no celular muitas vezes, mas tento olhar mais para o presente e para o ambiente em que estou.


Foi em um desses dias de observar que reparei em um casal que estava admirando o começo de um por-do-sol aqui em Maui. Pareciam muito presentes ali, naquele momento. Não tinham celulares. Tinham uma polaroid e tentavam tirar fotos dos dois, digo, dos três. Eles estavam à espera de um bebê. Acho que a presença chama a atenção para o presente também. Quando ficamos meio alienados nas telas que carregamos nas mãos, parece que todo mundo fica momentaneamente invisível.


Nos vimos então e me aproximei para conversar com eles. Claire e Austin à espera do pequeno Sebastian. Conversamos um pouco, eles muito receptivos, mais uma vez, aquela presença em conversas que você olha nos olhos das pessoas. Eu comentei que sou fotógrafa e que faço ensaios em Maui. Eles ficaram animados com a ideia de serem fotografados aqui e decidimos fazer a sessão no local em que estavam hospedados e que eu ainda não conhecia.


Nos encontramos em uma manhã no Lumeria, um retiro em uma parte mais alta da ilha, cheio de natureza e simplicidade. O acolhimento do local ressoou com a receptividade que tive ao propor o ensaio fotográfico para a Claire e para o Austin. Foi tudo tão leve, redes de descanso em meio às árvores, pés de tangerina, tudo no formato que sempre imagino fotografar na natureza. Me contaram como a viagem para Maui não estava no roteiro, mas aconteceu; aquele dedinho do destino. As conversas, a presença no momento presente, tudo ficou muito claro quando vi as memórias que fizemos ali. 


Por fim, atribuí essa conexão à desconectividade dos aparelhos de celular naquele momento em que percebi a presença dos dois, que agora são três e que espero encontrar novamente no Havaí. Talvez assim, de forma inesperada, como foi a viagem deles e como também foram as memórias que levaram daqui.